quarta-feira, 1 de julho de 2009

Consumo Excessivo x Deficit Ecológico!

Aí vai um trecho do relatório Planeta Vivo da WWF, emitido em 2008 e copiado na “cara-dura” do link abaixo:

http://www.wwf.org.br/informacoes/especiais/relatorio_planeta_vivo_2008/consumo_excessivo_deficit_ecologico/

Consumo excessivo? Déficit ecológico?!
Significa que a grande maioria dos seres humanos está vivendo acima e além dos meios disponíveis no planeta.A maior parte dos seres humanos vive em países que não são capazes de atender nossas demandas. Por isso, alimentos são importados e a poluição e os problemas ambientais gerados são exportados.Como se dá isso no dia-a-dia? Que impacto isso tem sobre nós?Você pode ver alguns sinais sutis no supermercado que freqüenta.Observe de onde vêm alguns tipos de alimento. A variedade crescente de nomes de países que você vê, agora, nos rótulos das embalagens dos alimentos é um indicador sutil de que nossas necessidades e desejos muitas vezes atravessam as fronteiras e vão a lugares longínquos.Nossa necessidade de alimentos e de bens exóticos, frutas fora da estação, durante o ano inteiro, ou frango mais barato está ficando cada vez mais alta.
Onde leva esse consumo excessivo?
Tomemos a carne bovina como exemplo...Nós gostamos dela. Em termos mundiais, comemos muita carne bovina.Na realidade, nossa demanda por carne vermelha, e preferencialmente carne barata, provocou a derrubada das florestas tropicais e a irrigação das terras secas, como o Cerrado, para atender essa demanda. Porém, transformar essas áreas em pastagem podem levar à degradação, pois elas só agüentam ser exploradas para este fim por um determinado tempo. Por isso as chamamos de “terras marginais”. Nossa demanda nos leva, então, a explorar novas áreas para pastagem e, por exemplo, colocar mais bois do que a terra é capaz de suportar a longo prazo. Tais áreas eventualmente entram em "colapso" – ecologicamente falando. Isso significa que elas param de nos fornecer serviços ecológicos. São serviços como a capacidade de estabilizar o solo, manter sua fertilidade e reter a água, ou manter o equilíbrio entre as espécies silvestres.
Nossos padrões atuais de consumo significam o seguinte:
· precisaremos do equivalente a dois planetas até 2030 para nos sustentar;
· e se não encontrarmos esse segunda Terra logo (e qual é a probabilidade de que isso ocorra?!),
· então não estamos apenas demandando mais do que nosso planeta é capaz de produzir,
· mas estamos também reduzindo a quantidade de sua produção à medida que o estamos arruinando!

De que outra forma se pode ver e sentir os efeitos do nosso crescente déficit ecológico?
Depende de onde você vive. Mas é possível que você observe que...
· O tamanho da posta do seu peixe favorito em oferta no supermercado está ficando cada vez menor, e alguns peixes e frutos do mar, que eram abundantes no passado, agora são raros e caros, como é o caso do bacalhau e do atum.
· Você ouve mais estórias sobre eventos climáticos extremos (como furacões e enchentes). Ou sobre o aquecimento global. Em ambos os casos, trata-se de sintomas do gasto de energia, que é parte do nosso débito ecológico – assim como um espirro pode ser o sintoma de um resfriado, tudo está interligado.
· Novos relatórios sobre o “crescimento” de desertos surgem à medida que as áreas de pastagem avançam de forma excessiva e que a vegetação natural, que serve de cobertura protetora da terra, é removida.
Podemos ver indicativos crescentes do nosso déficit ecológico – mas essas mudanças são sutis e muitas vezes ocorrem lentamente, por isso nos sentimos imunes a elas e a seus efeitos. Dependendo de onde se estiver no mundo, e de uma forma grave, alguns de nós poderão ver as reverberações do nosso déficit mais do que outros.Nos lugares em que ocorrem eventos de recomposição do delicado equilíbrio ecológico, o efeito de nosso déficit será visto e sentido de forma mais aguda. Então o fim está perto? Claro que não. Você pode ajudar, no dia-a-dia, a fazer do mundo um lugar onde todos possam crescer e viver, usufruindo uma parte justa dos recursos do planeta e, ao mesmo tempo, deixar espaços desabitados e com vida silvestre. Viver dentro do que nossos meios permitem é uma decisão acertada. Não se trata de passar privações, mas sim de adotar um consumo responsável. Ainda há tempo e existem muitas maneiras simples de se ter um impacto positivo na redução do nosso déficit ecológico...
É ruim importar alimentos?
É e não é. Não é, porque muitas vezes o cultivo em climas mais quentes pode exigir menos da terra (por exemplo, cultivar tomates na Espanha em vez de numa estufa na Dinamarca); e a energia gasta e o CO2 produzido no transporte podem ser compensados com o plantio de árvores. Certamente podemos pagar um pouco mais – alguns centavos – desde que distribuído por vários produtos, o custo adicional para nós, consumidores, será desprezível. Deve ser encarado como um componente do preço de custo, tal como a embalagem e o transporte. Não é, porque é maravilhoso o fato de que nossa demanda seja capaz de criar empregos em outras partes do mundo. Mas precisamos fazer com que o alimento cultivado seja produzido de forma sustentável; e que as pessoas envolvidas recebam salário justo e sejam bem tratadas. É, sim, porque muitas vezes a energia gasta para fazer com que esses alimentos cheguem até as lojas e prateleiras perto de nós é maior do que a energia que recebemos desses alimentos (do ponto de vista da nutrição). É, sim, porque muitas vezes esses alimentos são cultivados com substituição de vegetação natural por lavouras, ou precisam de irrigação trazida de rios que podem já estar sofrendo uma pressão excessiva em climas secos, ou então esses alimentos estão encharcados de produtos químicos poderosos, usados em quantidades e proporções irresponsáveis, ou são produzidos às custas das pessoas, que são mal pagas e/ou mal tratadas.

A WWF produz um relatório de situação a cada dois anos. Vejam esse trecho do relatório de 2006:

“ ...A biodiversidade sofre sempre que a produtividade da biosfera não consegue acompanhar o consumo humano e a produção de resíduos. A Pegada Ecológica determina a exigência humana sobre a natureza no que respeita à área terrestre e aquática, biologicamente produtiva, necessária para a disponibilização de recursos ecológicos e serviços – alimentos, fibras, madeira, terreno para construção e terrenos para a absorção do dióxido de carbono (CO2) emitido pela combustão de combustíveis fósseis. A biocapacidade da Terra constitui a quantidade de área biologicamente produtiva – zona de cultivo, pasto, floresta e pesca – disponível para responder às necessidades da humanidade. Desde os últimos anos da década de 1980 que a Pegada Ecológica ultrapassa a biocapacidade da Terra, sendo a exigência global superior à oferta em cerca de 25%. Efetivamente, a capacidade regenerativa da Terra já não consegue acompanhar a exigência humana – as pessoas estão transformando os recursos em resíduos mais rapidamente do que a natureza consegue regenerá-los. A humanidade já não vive no interesse da natureza, mas está, sim, a reduzir o seu capital. Essa pressão crescente sobre os ecossistemas está causando a destruição ou a degradação do habitat e a perda permanente da produtividade, ameaçando tanto a biodiversidade como o bem-estar humano. Por quanto tempo mais isso será possível? Um cenário de referência moderado, baseado nas previsões das Nações Unidas O presente relatório descreve o estado da mudança da biodiversidade global e o nível de pressão na biosfera causado pelo consumo humano de recursos naturais. É elaborado com base em dois indicadores: O Índice Planeta Vivo, que reflete a saúde dos ecossistemas do planeta; e a Pegada Ecológica, que apresenta a extensão da exigência humana sobre esses ecossistemas. Essas medidas, seguidas há várias décadas, revelam tendências anteriores, e então três cenários exploram o que poderá acontecer no futuro. Os cenários mostram de que forma as escolhas que fazemos podem nos levar a uma sociedade sustentável, vivendo em harmonia com ecossistemas fortes, ou ao colapso desses mesmos ecossistemas, provocando perda permanente da biodiversidade e o enfraquecimento da capacidade do planeta de sustentar sua população. O Índice Planeta Vivo mede as tendências no âmbito da diversidade biológica da Terra. Este índice localiza populações de 1.313 espécies vertebradas – peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos – de todo o mundo. São elaborados índices separados para as espécies terrestres, de água doce e marinhas, e a média das três tendências é então calculada com vista à criação de um índice agregado. Embora as espécies vertebradas representem apenas parte das espécies conhecidas, presume-se que as tendências no seio das suas populações sejam típicas da biodiversidade em nível global. Ao localizar as espécies selvagens, o Índice Planeta Vivo controla também a saúde dos ecossistemas. Entre 1970 e 2003, o índice perdeu cerca de 30%. Essa tendência global sugere que estamos deteriorando os ecossistemas naturais